Chamada para Dossiê: Tempos da história, Volume 43, 2024.
Prazo para submissão PRORROGADO: 30 de abril de 2024
Link para submissão: https://mc04.manuscriptcentral.com/his-scielo
Editores Convidados
Raquel Discini de Campos (Faculdade de Educação/Universidade Federal de Uberlândia)
Ronaldo Cardoso Alves (Departamento de Educação/Unesp-Assis)
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As associações de ensino e pesquisa brasileiras, bem como as mídias tradicionais e especializadas do país vêm divulgando, nos últimos anos, o que a Revista Fapesp recentemente chamou, em sua matéria de capa, de “crise nos programas das licenciaturas” (FAPESP, 2023). Fato é que a urgente melhoria na atratividade da carreira docente, bem como a imperiosa reversão da escassez de professores na Educação Básica brasileira, particularmente nos níveis Fundamental II e Médio, são temas candentes que dizem respeito a todos os cidadãos comprometidos com o presente/futuro do país.
Dados do Inep mostram que, desde 2014, o ingresso de estudantes nas licenciaturas presenciais está caindo, fenômeno verificado também nos cursos à distância, desde 2021. O problema das vagas ociosas nas licenciaturas, da atualização de currículos obsoletos, e, sobretudo, o drama da desvalorização salarial e simbólica dos profissionais da educação contribuem, de maneira inevitável, para o esvaziamento da carreira enquanto uma opção de vida para milhares de jovens deste país.
Por sua vez, os professores de História da Educação Básica, além de enfrentarem inúmeros desafios relativos à sua própria formação enquanto professores/pesquisadores; e à formação de seus alunos como estudantes de História, ainda observam, na prática, a diminuição da carga horária da disciplina, conforme parâmetros estipulados pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Ao mesmo tempo, a tão incensada formação interdisciplinar dos discentes da área vêm se mostrando uma utopia muito distante da realidade.
Tal fenômeno de enfraquecimento da carreira do professor, em todos os níveis, e dos professores de História, em particular, de forma irônica caminha ao lado da efervescência de um mundo cada vez mais hostil à ideia de historicidade, de verdade, dada a intensificação de “fake news” e de relativismos obtusos; de ataques ao saber científico institucionalizado, da perda dos referenciais e projetos comuns, bem como das polarizações ideológicas às quais vimos, inevitavelmente, assistindo.
Justamente por isso, a proposta deste dossiê gira em torno das atuais dimensões sociais e políticas da história ensinada e da história pesquisada. Relembramos, aqui, o vaticínio famoso de Eric Hobsbawn que, nos anos de 1990, apontava o problema de vivermos numa “espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado”; e que, justamente por isso, pesquisadores e professores de História seriam figuras essenciais na esfera pública dos nossos tempos, posto que se ocupam de “lembrar o que os outros esquecem” (HOBSBAWN, 1995, p. 13). Um mundo de “presente absoluto”, tal qual nomeou Koselleck (2006), ou uma “sociedade do cansaço”, conforme diagnosticou Byung-Chul Han (2017). Um tempo/espaço atravessado pelas contínuas revoluções tecnológicas em curso nas quais “Uns anjos tronchos do Vale do Silício, desses que vivem no escuro em plena luz. Disseram vai ser virtuoso no vício. Das telas dos azuis mais do que azuis”. E ainda definiram, conforme intuiu o poeta, que agora a nossa “história é um denso algoritmo. Que vende venda a vendedores reais”, enquanto nossos “neurônios ganharam novo outro ritmo. E mais e mais e mais e mais e mais”. (Anjos Tronchos, Caetano Veloso, 2021)
É imperioso, portanto, que nos voltemos para questões que discutam o ensino e a pesquisa em História contemporaneamente, com os olhos voltados tanto para o futuro da formação dos professores de História nas licenciaturas e bacharelados, quanto dos alunos da Educação Básica Nacional. Afinal, qual é o país que estamos construindo? Qual é o país que queremos construir?
Este Dossiê acolhe contribuições de diferentes áreas de conhecimento que trate principalmente dos seguintes temas: 1. Ensino de História, Humanidades Digitais e História Pública; 2. Ensino de História e Temas Sensíveis; 3. Ensino de História: formação e pesquisa.
Submissões: https://mc04.manuscriptcentral.com/his-scielo
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