Chamadas

27/08/2018 CHAMADA DE ARTIGOS/CALL FOR PAPERS

Chamada para Dossiê: Tempos da história, Volume 42, 2023.

Prazo para submissão: 31 de março de 2023

Link para submissão:  https://mc04.manuscriptcentral.com/his-scielo

 Organizadores

Cardoso Jr, Hélio R. (Universidade Estadual Paulista, Brasil)

Landwehr, Achim (Heinrich-Heine-Universität Düsseldorf, Alemanha)

Mudrovcic, María Inés (Universidad Nacional de Comahue, Argentina)

***

Embora o senso comum disciplinar reconheça o papel primordial que o tempo desempenha para a prática e o pensamento históricos, somente a partir dos anos 70 os historiadores e teóricos começam a problematizar decisivamente a noção de tempo histórico. De fato, um foco concentrado no conceito de tempo só se tornou sensível a partir da década de 1990, tanto para historiadores, segundo Lorenz, quanto para teóricos da história, segundo Gorman. O recente desenvolvimento de estudos do tempo na disciplina da história convida a fazer “uma crítica radical ao conceito dominante de tempo histórico e aos pressupostos metafísicos e compromissos ontológicos que o acompanham”, assegura Bevernage.

Esta edição especial acolhe os diferentes ramos de estudos do tempo que contribuem para a crítica do tempo histórico dentro da disciplina histórica e além dela.

A teoria da história e a historiografia há muito vem procurando investigar os muitos compromissos ontológicos do tempo histórico, que estão em geral relacionados à metafísica do tempo histórico, cuja principal questão é a ordem do tempo relacionada à relação entre passado, presente e futuro. De um lado, há uma metafísica clássica do tempo, cujos nomes mais representativos são filósofos como Kant, Hegel, Nietzsche, Heidegger, Ricoeur, e historiadores como Spengler, Toynbee e Braudel. De outro lado, há uma nova metafísica do tempo histórico, tendo como nomes mais representativos teóricos da história. Quanto à relação entre passado e presente, três subtendências se destacam: 1. presença histórica e suas variedades (por exemplo, Gumbrecht, Runia e Kleinberg), 2. múltiplas temporalidades e ana/syn/pro/para/metachronismos (Koselleck e Jordheim, Landwehr), e 3. a abordagem ao tempo histórico pela (nova) filosofia analítica história (Roth). Quanto à relação entre passado e futuro, a nova metafísica do tempo histórico vem lidando com os “futuros históricos” relativos ao Antropoceno, pós-humanismo e às fronteiras do tempo histórico com o tempo antropológico, o tempo arqueológico e o tempo da Terra (Braidotti, Chakrabarty, Hayles, Staley, Domanska, Simon, Tamm).

 

No entanto, o tempo histórico não traz apenas desafios metafísicos, mas também aborda a experiência do tempo que organiza a relação entre passado, presente e futuro, de acordo com a predominância de um sobre o outro, por exemplo, a experiência pré-moderna do tempo, a experiência moderna do tempo e o atual presentismo (espaço de experiência e horizonte de expectativa de Koselleck , os regimes de historicidade de Hartog, e o amplo presente de Gumbrecht). Além disso, os regimes de historicidade são escritos de acordo com “regimes historiográficos” (Mudrovcic) na medida em que a historiografia, sendo uma prática social, está envolvida na ambiência de um regime específico de historicidade.

Por último, mas não menos importante, contribuições externas ao campo das Humanidades também são bem-vindas a esta edição especial. Na verdade, se observa um deslocamento na relação entre tempo histórico e natural que chama a atenção para um envolvimento mútuo entre eles. A reconhecida ideia de que o tempo natural é anterior e distinto do tempo histórico tem sido criticada já que linhas recentes de pesquisa assumem que uma distinção nítida entre eles não se mantém. O foco na relação entre passado, presente e futuro acerca do tempo natural pode trazer informações importantes para os estudos do tempo histórico, principalmente porque as fronteiras entre a história e os tempos da Terra têm sido recentemente desafiadas.